As dezenas de relatos sobre a emblemática corrida noturna de 15 quilómetros realizada anualmente em Peniche precedem aquela que se anuncia, sucessivamente em cada edição, como uma experiência rara no panorama das corridas de estrada em Portugal. Antes de mais, correndo o risco de “estragar” o interesse pelo post logo ao início, confirma-se: a Corrida das Fogueiras é efetivamente uma experiência tremendamente positiva, acredito que para todos aqueles que gostam de correr.
Por obra do acaso nunca me tinha surgido a oportunidade de participar na Corrida das Fogueiras. A 40ª edição da prova pareceu-me uma excelente oportunidade para participar, aproveitando o momento para uma “escapada” até à cidade de Peniche, terra de gente hospitaleira, à beira do oceano plantada. Peniche, que já conheço de outras andanças, oferece aos seus visitantes muito, mas é a fantástica gastronomia, rica e variada dominada pelos pratos de peixe e marisco, que me deixa sempre grandes lembranças e vontade de regressar.
Retorno então à motivação que desta vez me levou a Peniche, correr.
As inscrições esgotaram, entre participantes na Corrida das Fogueiras (15km) e na Corrida das Fogueirinhas (5km), foram 7000 as pessoas a alinharem no desafio. Apesar da "multidão" consegui vislumbrar algumas caras que vou conhecendo através das redes sociais e de blogues, atletas amadores que mantêm interessantes e inspiradoras presenças nestas plataformas digitais. Um dia destes espero conhecer pessoalmente alguns daqueles e daquelas que me têm inspirado através dos seus percursos na corrida.
A Corrida das Fogueiras, que realizei então pela primeira vez, veio a revelar-se uma das mais entusiasmantes corridas em que participei. Não raras vezes identificada como a “mais famosa corrida noturna de Portugal”, a corrida “deve” a designação às fogueiras ateadas ao longo do percurso sendo este, desde logo, um motivo diferenciador que desperta curiosidade. A primeira edição data de 1980 e não tardou a tornar-se numa clássica das corridas de estrada, estatuto que, por este andar, se manterá por muito tempo, mantida que seja, claro, a qualidade da organização. O pormenor das fogueiras, pelo menos para esta edição, não foi especialmente impactante. A ventania que se fazia sentir, com o vento a soprar permanentemente acima dos 50km/h e com rajadas acima dos 70km/h, não permitiu grande utilização das fogueiras, cuja presença se confinou a alguns pontos ao longo do percurso, sobretudo à beira-mar. Mesmo assim, a momentos, foram iluminando e “aquecendo” todos aqueles que enfrentavam o desafio.
Parece que aliado ao sucesso da corrida noturna iluminada pelo fogo está a sardinhada gratuita oferecida no final da prova. Comprovadamente uma e outra razão fazem desta prova um momento desportivo com tendência para ser memorável. Abdiquei da Sardinhada ... a fila já ia longa!
Memorável é decididamente o envolvimento do público com a prova, que resulta num ambiente raro, de entusiasmo, que sinceramente poucas vezes se experimenta em outras provas em Portugal. Dá muito ânimo correr assim. Não há amador que não se sinta uma “estrela do asfalto”. Milhares de pessoas, suponho que na sua maioria habitantes locais e familiares de participantes, ladeiam as ruas da cidade e até fora das suas “fronteiras”, no longo troço que a prova percorre junto ao mar pela Estrada Marginal Norte e mais tarde pela Estrada Marginal Sul, se sente o apoio da população, embora com menos intensidade. A chegada através da Avenida do Mar até ao Cais da Marina, aquele quilometro final, é de ambiente épico! Dito isto, não parece resultar difícil que é experiência a repetir. E que recomendo vivamente a todos e todas que apreciam boas experiências de corrida.
Em relação à minha prestação, fico sempre com a sensação que faço mal a gestão do esforço, sempre muito entusiasmado do inicio, em dificuldades pelo meio e com um final cheio de “power”. A disciplina e a estratégia durante as provas é um fator que estou a corrigir com a ajuda do Ricardo Ribas, mentor do projeto Training The Online Distance, que em boa hora entrou no meu percurso na corrida, quer no treino, quer na suplementação, quer nas provas, há sempre preciosas indicações e conhecimentos transmitidos.
O meu tempo oficial foi de 1:04:57, mas tendo em conta que com o meu relógio contei com exatidão o tempo entre a saída e a chegada, sei que fiz um tempo de 1:04:42. Ainda demorei uns segundos entre a multidão antes de iniciar o percurso. Curiosamente a organização não forneceu o tempo de chip. Ora, oficialmente terminei com o mesmo tempo bruto e líquido. Quanto às posições: posição 369 (de 3327) na geral e posição 73 no escalão (de 363).
Bons treinos, boas corridas, até breve!